A Nova Revolução Tecnológica e a Humanidade: Habilidades necessárias na Revolução Digital

A história da Humanidade pode ser dividida em eras, definidas pelas revoluções tecnológicas

A Era Agrícola foi marcada pela primeira revolução, quando o Homem começou a desenvolver ferramentas e técnicas para produzir os itens necessários ao seu consumo e sobrevivência. 

A Era Industrial foi marcada por três revoluções tecnológicas, conhecidas como a 1ª, 2ª e 3ª Revoluções Industriais. Para entender melhor as mudanças que cada uma delas promoveu, podemos usar as seguintes analogias:

  • A 1ª Revolução Industrial foi uma revolução da mecanização, com a criação de “músculos mecânicos”
  • A 2ª Revolução Industrial foi uma revolução elétrica, com ganho de escala
  • A 3ª Revolução Industrial foi uma revolução da automação, com os primeiros passos para criação de “mentes mecânicas”

Agora, estamos entrando na Era Digital, ou Era da Informação. E ela também é marcada por uma nova revolução tecnológica, em que o foco são os dados.

A Era da Informação e a 4ª Revolução Industrial

A 4ª Revolução Industrial é uma revolução dos dados. Justamente por esse motivo, ela inaugura uma Era da Informação. Afinal, a informação é construída a partir dos dados. 

Hoje, temos as tecnologias para acessar, armazenar, organizar e interpretar uma quantidade infinita de dados. O surgimento dessas tecnologias está ligado à evolução dos computadores.

Durante a 3ª Revolução Industrial, os computadores eram mainframes, isto é, equipamentos de grande porte. Naturalmente, isso representava uma limitação. Eles eram utilizados apenas por grandes corporações e bancos, para realizarem computações e cálculos matemáticos de alta complexidade.

Durante as décadas de 1970 e 1980, Bill Gates e Steve Jobs transformaram os computadores em equipamentos pessoais, que poderia estar presentes nas casas de pessoas comuns. 

Porém, a evolução dos computadores não parou aí. Eles continuaram tornando-se cada vez mais acessíveis, tanto em termos de tamanho quanto de custo. Agora, você provavelmente carrega na palma de sua mão uma ferramenta completa para trabalho, estudo, relacionamentos e lazer.

Como isso é possível? Um dos principais fatores é a continuidade dos avanços trazidos pela 3ª Revolução Industrial. Essa revolução teve como foco os transistores. Com transistores menores, conseguimos desenvolver processadores menores e, ao mesmo tempo, mais potentes.

E essa busca continua. O chip que temos no celular hoje é mais potente do que a tecnologia que levou o Homem à lua em 1969. É graças a esses microchips mais potentes, menores e mais baratos que nós podemos contar com comodidades que, pouco mais de uma década atrás, seriam inimagináveis. 

Seja honesto: será que o seu “eu” de 2005 conseguia imaginar que poderia viajar sem precisar de mapas, fazer pagamentos sem ir a uma agência bancária ou pedir uma pizza sem ligar para ninguém? Provavelmente, a resposta é não.

No entanto, o mais impressionante é que essas nem sequer foram as transformações mais importantes trazidas pelo avanço dos microchips e pela evolução dos computadores. A transformação mais importante – em minha opinião – é a extrema facilidade de acesso a dados e, portanto, a informações importantes. 

Suponha que você está no metrô e, de repente, tem a necessidade urgente de descobrir se existe uma palavra para aquela vontade de estar em outro lugar, que você está sentindo. Basta pegar o smartphone e “dar um Google”. (sim, existe: em alemão, esse sentimento é Fernweh).

Por isso eu acredito e defendo que a Era Digital trouxe uma mudança absoluta de paradigma para as atividades humanas. Antigamente, era necessário sair de casa, ir a uma biblioteca, abrir um livro e procurar até encontrar os dados de que precisa. Hoje, basta um clique, a qualquer hora, de qualquer lugar.

Além do processo para encontrar dados, a maneira como eles são armazenados também foi transformada. 

Pense comigo: os documentos que estavam na Biblioteca de Alexandria foram perdidos para sempre com o incêndio que a destruiu. No mundo digital, os dados ficam registrados de maneira muito mais segura. De fato, pode ser impossível remover completamente um dado que tenha sido colocado na internet.

É claro que essa mudança de paradigma gera questões, tanto éticas quanto práticas. 

Uma questão ética muito pertinente é: quais são os limites e os parâmetros para que empresas possam utilizar nossos dados pessoais? É uma pergunta que vem gerando debates importantes, inclusive no mundo jurídico. Mas não pretendo entrar nessa discussão no artigo de hoje.

Em vez disso, vou focar em uma questão prática. O que uma empresa pode, de fato, fazer com essa quantidade enorme de dados? É preciso encontrar uma maneira viável de usá-la a seu favor. Uma resposta possível é aplicar os dados para evoluir o conceito de “mentes mecânicas”, que também surgiu lá na 3ª Revolução Industrial, a revolução da automação.

Com a Inteligência Artificial e o Machine Learning, temos a possibilidade de criar mentes mecânicas capazes de pensar e aprender. Elas não estão mais limitadas apenas àquilo que foram diretamente programadas para fazer. No entanto, elas precisam de combustível para essa jornada. Esse combustível são os dados.

Com certeza, isso muda totalmente o que entendíamos como automação na Era Industrial. Agora, não se trata mais de robôs montando carros em uma linha de produção. Em vez disso, temos softwares capazes de analisar as chances de sucesso e os fatores de risco em uma missão espacial, a partir de dados sobre missões e simulações anteriores.

Novas habilidades necessárias na Revolução Digital

Entender os aspectos gerais da Era Digital e da 4ª Revolução Industrial leva a uma conclusão inevitável. Agora, estamos em um jogo completamente diferente. Portanto, para ter sucesso, profissionais e negócios precisam de novas habilidades.

A partir da mudança no significado de “automação”, há também uma mudança no papel do Homem em relação às máquinas. E não se esqueça de que não estou falando, necessariamente, de máquinas físicas. Softwares também se enquadram aqui.

Durante a 3ª Revolução Industrial, a automação não dispensava a intervenção humana. Era preciso haver operadores qualificados e técnicos especializados por trás das máquinas. Apesar da máquina executar o trabalho, era o Homem que conduzia cada passo do processo.

A partir da 4ª Revolução Industrial, a automação passa a dispensar em grande parte a intervenção humana. Afinal, as máquinas pensam e aprendem sozinhas. Assim, elas desempenham tarefas cada vez mais complexas, de maneira progressivamente mais eficaz e eficiente. 

As máquinas cometem menos erros e geram menos custos do que um profissional. O resultado são experiências como a Amazon Go, uma loja física em que não existe um único funcionário.

Os humanos, então, são colocados em um papel de supervisão. Cabe a eles avaliar se as tarefas desempenhadas pelas máquinas estão sendo bem executadas e identificar oportunidades de melhoria. Acompanhando esse novo papel, existe também um novo conjunto de habilidades necessárias na Revolução Digital. 

Outro ponto importante é que o ritmo da atual revolução tecnológica é muito mais acelerado do que observado nas revoluções anteriores. A evolução não ocorre em séculos, nem em décadas, mas em anos ou meses. 

Portanto, nós precisamos nos adaptar às mudanças mais rapidamente. Isso inclui ter agilidade para desenvolver as habilidades necessárias na Revolução Digital.

Era Industrial x Era da Informação: habilidades necessárias na Revolução Digital

Se existe uma mensagem que espero ter deixado bem clara até aqui é que as revoluções tecnológicas causaram mudanças concretas na maneira como a Humanidade vive, se comporta e conduz suas atividades em geral, inclusive econômicas. 

Na Era Industrial, os processos eram repetitivos, lineares, segmentados e previsíveis.

  • Repetitivo: as tarefas eram específicas, padronizadas, recorrentes
  • Linear: com mais trabalho, era possível obter proporcionalmente mais resultados
  • Segmentado: cada tarefa é desempenhada por um especialista, sem intercâmbio de conhecimentos e experiências
  • Previsível: os resultados podem ser antecipados com razoável grau de certeza

Fomos treinados para viver nesse mundo. No entanto, não vivemos mais nele. Agora, o mundo é digital, e precisamos nos adaptar. 

Na Era da Informação, os processos são multidisciplinares, conectados, não lineares, exponencialmente imprevisíveis. 

  • Multidisciplinar: profissionais de diferentes áreas trabalham juntos, e cada indivíduo busca ter uma formação mais ampla
  • Conectado: o trabalho pode ser executado a qualquer hora, de qualquer lugar
  • Não linear: o que determina os resultados não é a quantidade de trabalho, mas a estratégia adotada
  • Exponencialmente imprevisível: os resultados são mais difíceis de antecipar com certeza e ocorrem em períodos mais curtos, quer sejam positivos ou negativos

Então, quais são as habilidades necessárias na Revolução Digital? Mais precisamente, eu considero que existe uma habilidade indispensável para profissionais e negócios de sucesso nessa nova era. Trata-se do aprendizado constante.

É preciso ser capaz de desaprender tudo o que foi aprendido, da forma que foi aprendido, e reaprender novamente. Do contrário, considerando o ritmo acelerado da revolução digital, mesmo quem está no topo do seu mercado hoje pode ser deixado para trás amanhã. 

É por esse motivo que promover a inovação tornou-se prioridade das empresas de todos os setores e segmentos. Também é por esse motivo que profissionais com carreiras consolidadas estão buscando desenvolver novas competências, como análise de dados.

Como efeito colateral da 4ª Revolução Industrial – a Revolução Digital – e da Era da Informação, o status quo não é mais confiável. E a maneira mais simples de manter-se relevante é partindo em busca da sua zona de desconforto.